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O Grande Hotel Budapeste

  • Foto do escritor: Admin
    Admin
  • 6 de set. de 2017
  • 4 min de leitura

Wes Anderson possui certas particularidades. Centralização de imagem, uso de cores e visuais vintages, atuações teatrais e parcerias com os mesmos atores em produções são algumas características que tornam o diretor único e de fácil identificação no universo do cinema. Em “O Grande Hotel Budapeste” (2014), esses elementos são notáveis: cenários coloridos, com a predominância do rosa, do vermelho e do roxo, a fotografia simétrica, a presença de Bill Murray como M. Ivan (que esteve em todos os filmes do diretor desde Três é Demais, de 1998) e Jason Schwartzman (M. Jean, que também participou de Moonrise Kingdom, O Fantástico Sr. Raposo, Hotel Chevalier e Rushmore).


O longa se passa na fictícia República de Zubrowka, no período entre guerras, e acompanha a jornada de Monsieur Gustave H. (Ralph Fiennes), o primeiro gerente do Hotel Budapeste, e Zero Moustafa (Tony Revolori), seu mensageiro recém-contratado, futuro herdeiro de Gustave. A rotina movimentada do hotel, o cotidiano de seus funcionários e de seus hóspedes são fatores bem explorados no início do filme, o que é deixado em segundo plano logo após a misteriosa morte de Madame D. (Tilda Swinton), hóspede frequente e “amiga” de Gustave. Essa ocasião gera uma reviravolta na vida do gerente de Budapeste, que decide ir ao velório e levar o Zero para lhe acompanhar - a partir de então os dois tornam-se bons amigos. Chegando lá, descobre que há uma herança milionária a ser dividida entre os familiares, além de um quadro Renascentista extremamente desejado e de valor inestimável, deixado justamente para ele. Logo, Gustave pega “o que é seu por direito” e acaba sendo acusado pelo filho da Madame D. de ladrão e assassino, pois este não está disposto de abrir mão da pintura e fará de tudo para recuperá-la. Começa, então, uma busca pelos dois amigos e pela testemunha que sabe a causa da morte e detalhes sobre o testamento e da vida de D., a fim de evitar que estes venham à tona.


Os elementos de Budapeste


Figurino e maquiagem: uma característica marcante do filme, tirando o próprio hotel e a predominância de tonalidades rosadas em sua decoração, são os uniformes dos funcionários, marcados pela cor roxa. O roxo, além de ser análogo ao rosa, combina com o luxo e a grandiosidade do ambiente, já que remete à realeza, prosperidade e riqueza.


Figurinos do filme. Fonte: https://goo.gl/5ibaPx


A figurinista Milena Canonero, vencedora do Oscar por Laranja Mecânica, Carruagens de Fogo e Maria Antonieta, desenhou as peças e contou com a parceria de marcas famosas, como Prada (nas malas e baús de Madame D., no sobretudo do capanga Jopling) e Fendi (casacos de veludo vermelho e militar cinza de Madame D. e do inspector Henckel, respectivamente).


Já a maquiagem e cabelos que se destacam é a da milionária interpretada por Tilda Swinton, caracterizada como uma idosa de 80 anos, e a da doceira Agatha, que possui uma mancha de nascença no rosto na forma do México. Outros detalhes mais discretos também fazem parte da construção das personagens, como os destaques para a fisionomia de Jopling (Williem Defoe) que lhe dão um aspecto mais obscuro e o bigode levemente desenhado de Zero, dando a impressão do jovem querer passar uma imagem mais madura de si no ambiente em que trabalha. O visual das outras pessoas que frequentam e atuam no hotel, no geral, é um reflexo da época em que vivem, repletos de vestidos e casacos mais amplos, conjuntinhos, luvas, boinas, chapéus e ternos coloridos, com ombros e calças largas e retas; penteados mais estruturados e cabelos presos, barbas e bigodes mais aparentes e maquiagem mais leve, dando menos destaque que as roupas.


A caracterização de Tilda Swinton como Madame D. é um dos destaques no que se refere à maquiagem e ao cabelo do longa. Fonte: https://goo.gl/jro16x


Câmera: o enquadramento geralmente é feito com a câmera alta (plongée), outra característica do diretor, e com movimentos quase sempre em linha reta, sendo muitos os elementos que estão centralizados na imagem. Algumas personagens, por exemplo, recebem grande destaque em cena, justamente por estarem centralizados. Além disso, percebe-se em alguns momentos um zoom “abrupto”, que mira num objeto e aproxima rapidamente o público dele.


O Hotel Budapeste antes e depois. Ao decorrer do filme, a proporção da tela muda: na década de 30 (esquerda) a imagem é mais quadrada, diferente da década de 60 (direita). Além disso, as cores durante o passado eram mais puxadas para o rosa e durante o presente (menor parte do filme) são mais puxadas para o laranja.


Cores: as tonalidades pastéis estão muito presentes no longa, com certa predominância de algumas cores específicas, como o rosa e o roxo, que mostram um mundo fantasioso e extremamente fictício. Além disso, a coloração é uma forte linguagem para sinalizar a transição de fases do hotel. A época de seu auge, por exemplo, é marcada por tons rosados, enquanto o seu declínio é marcado por tons que vão do marrom ao cinza. É também por meio da mudança de cores que percebe-se o clima da trama variando entre um momento animado (interagindo com os hóspedes, por exemplo) à um outro mais tenso (como a fuga de Gustave da prisão). Em outras palavras, cada época e cada parte do filme é representada por um esquema de cores que lhes é específico.


Considerações finais


O mundo fantasioso, construído a partir de cores extravagantes, figurinos chamativos e performances teatrais dos personagens, gera a sensação de que o espectador é chamado para se inserir na película, pela leveza como é construída a trama, sem muitas complexidades e com momentos de “comédia pastelão” e diálogos mais descontraídos, exceto pelas cenas em que aparecem os soldados e que o “vilão” Jopling está inserido, causando tensão no público.


Fica como bônus o vídeo a seguir, que contém uma compilação das cores utilizadas em determinadas cenas do filme:


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